quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PAIS AUSENTES GERAM PROBLEMAS

Por Monique Ferreira Monteiro Beltrão*.

A criança é colocada na escola para receber um tipo de educação que desenvolva particularmente seus dotes intelectuais. Segundo Rampazzo (1996:21), em seu escrito:
Na educação dos filhos, é preciso evitar dois excessos: de um lado, a imposição; de outro, a falta de acompanhamento. Poderíamos dizer que também a pessoa do filho tem uma liberdade que deve ser respeitada; mas por outro lado, estas liberdades do filho precisas de luzes, de indicações, de presença dos pais para estimular, corrigir, ensinar, convencer, numa só palavra: para ser educada.
Depois de a criança entrar na escola, o papel educativo da família não deveria diminuir de importância, pois, na realidade, nada a substitui.
No entanto, muitas vezes tal não acontece: há uma tendência da família em deixar a criança, desde então, entregue exclusivamente a escola, achando que já cumpriu o seu dever. Por outro lado, é comum o professor reclamar do aluno: “será que seus pais não lhe dão educação em casa?”, ou ainda: “escola é para instruir, a educação o aluno recebe em casa!”.
Em ambas as atitudes – a família deixando a educação por conta da escola e a da escola por conta da família – o que existe é uma lamentável incompreensão da responsabilidade dessas duas instituições irmãs. A escola e a família são duas instituições cuja existência deve estar indissoluvelmente ligada. A escola deve ser a continuação do lar ideal.
É, portanto, necessário à cooperação sempre uma com a outra, em benefício do educando. A escola pode cooperar com a família de várias formas: ajudando-a a formar o caráter do jovem, reforçando a autoridade dos pais, aconselhando diariamente a ouvir e respeitá-los. Por sua vez, a família deve colaborar com a escola, vivendo em contato com esta. Os pais devem comparecer sempre que possível na escola e entrar em entendimento com os professores de seus filhos.
A família precisa acompanhar passo a passo a vida escolar do filho e saber o que está fazendo na escola, qual o seu adiantamento, as suas notas e os seus progressos.
Nidelcoff (1994) aponta problemas existentes na escola e vice-versa. Tal situação, decorrente do fato de os campos de cada um dos lados não estarem bem delimitados, cria, segundo a autora, uma confusão que gera mais impasse do que crescimento.
A escola tem como função a transmissão de saberes e, para que isso aconteça, não há como invadir a privacidade do aluno. A escola não dá conta, por exemplo, de tornar uma criança mais feliz, porque isso está relacionado com o seio familiar, por outro lado a ausência familiar faz com que a escola se sinta, às vezes, na obrigação de repassar regras comportamentais, abrindo mão de sua função elementar.
Os pais encontram-se hoje mais preocupados com o não-desenvolvimento da aprendizagem dos filhos e com o medo de errar. Os pais não suportam suas falhas, são tão sufocantes quanto autoritários e acabam criando, em casa, pequenos autoritários.
Souza (1996) afirma que o ambiente de origem da criança é altamente responsável pelas suas atividades de segurança no desempenho de suas atividades e na aquisição de experiências bem sucedidas, o que faz a criança obter conceito positivo sobre si mesmo, fator importante para a aprendizagem.

Não se colocam por não suportar a realização e admitem que muitas vezes pais e escolas se omitem, deixando de exercer sua autoridade.
Em relação à falsa imagem do construtivismo aplicada em várias escolas públicas e privada – muitos equívocos são feitos em torno dessa linha de educação. No construtivismo, a criança não tem que fazer o que quer e o professor simplesmente aceitas, pois isso gera descompromisso. O professor deve definir regras, os instrumentos.
Nidelcoff (1994) ainda lembra que responsabilidade e autoridade antecedem a escola. Se os pais querem filhos responsáveis, têm que se conscientizar que há também uma responsabilidade que é sua. A escola não é só para estabelecer limites e disciplina, sendo que o investimento nesse campo vai além dos estabelecimentos de ensino.
Há determinados professores que têm dificuldades de saber qual é o seu papel. Crianças e adolescentes estão sempre testando os adultos e, quando isso se torna paralisante, com agressividade, é preciso que haja uma intervenção. Well (1991:45) faz a seguinte afirmação sobre conduta:

Recentes pesquisas de Psicanálise e de Psicologia Social colocaram em destaque fato de a conduta dos filhos na escola e em casa serem, em grande parte, uma reação ao comportamento dos pais para com os filhos. Isto é a tal ponto verdadeiro, que se constatou que a maioria dos problemas de comportamento, tais como a ausência de atenção, brutalidade ou instabilidade, são causados pelas atitudes dos pais.

Na natureza das relações entre pais e filhos se transmite de geração a geração; existem tradições de brutalidade, de autoritarismo, de superproteção que os filhos transmitem, quando adultos, às suas próprias crianças. Onde Há brutalidade, incompreensão, e hiper autoritarismo, não é possível construir verdadeira democracia, pois atitudes se propagam também fora do lar, no trabalho, nos negócios e, o que é mais sério, na direção dos destinos de uma nação.
A liberdade, dentro do respeito pelo próximo, tem de começar as ser cultivada nas relações entre pais e filhos, isto é, na própria célula familiar. Sem isto, os alicerces de qualquer nação não oferecem garantia para manutenção do que se deseja para uma verdadeira democracia.

* Monique Ferreira Monteiro Beltrão é Mestra em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Direito Educacional e Gestora em Ambientes de Educação.

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