* Por : Giovanni Souza Tavares.
A
pedagogia de projetos como prática pedagógica do ensino fundamental.
Neste
capítulo, Beltrão aborda a relação pedagógica entre professor e aluno,
estabelecida nas séries iniciais do ensino fundamental brasileiro,
compreendendo o ser humano que educa e é educado, tendo a visão
existencial-humanista e a perspectiva fenomenológica como linhas orientadoras
dessa reflexão, trabalhando duas realidades que se apresentam de forma
diferentes: a prática pedagógica na linha tradicional, com vínculos de
dependência e a pedagogia de projetos
com vínculos libertadores.
A ideologia capitalista e neoliberalista do nosso pais atingem a concretização
da prática educacional no ambiente da sala de aula. Assim, o modo de pensar e
existir do par pedagógico são influenciados por regra que constitui o professor
e o aluno-padrão. Esta construção tem refletido em nossas escolas que, com
dificuldade, têm percebido a importância de ser questionadora e reconstrutora
da sua historia, a de seus professores e alunos. Considerando que o
construtivismo, a filosofia e a pedagogia de projetos são os três pilares da
prática pedagógica para o ensino fundamental. Destacando John Dewey como
iniciador da pedagogia de projetos no século xx, dando ênfase a meta, “agir com
uma meta, é agir inteligentemente”. Defende ainda que, a educação é uma
permanente organização ou reconstrução da experiência que, sendo um processo
ativo, será sempre completado pelos períodos subseqüentes.
Destaca-se também William Heard Kilpatrick, considerado um dos mais destacados
pedagogos contemporâneos, resume em sete itens os princípios básicos da sua
teoria: aceitarmos a democracia como o fundamento da ação social; na educação,
nos interessa desenvolver primeiramente personalidades: a vida, o mundo dos
afazeres, desenvolve-se numa nova forma; cultura é o principal fator
controlador para determinar como viverá um grupo qualquer; psicologicamente
aprendemos o que vivemos; o aprender se realiza melhor quando a vida se baseia
numa atividade com sentido e com entusiasmo.
Kilpatrik criou uma pedagogia a qual chamou de método de projetos, cuja
finalidade era globalizar o ensino mediante atividades manuais. O projeto como
método didático era uma atividade intencionada que consistia em os próprios
alunos fazerem algo num ambiente natural, integrando ou globalizando o ensino. Através,
por exemplo, da construção de uma casinha de coelhos, poderiam ser ministrados
vários ensinamentos: geometria, desenho, cálculo, história natural, etc.
No
ano de 1910, Rufus W. Stimson, iniciou uma campanha através da qual a idéia de
projeto se tornaria familiar no campo da agricultura a milhares de professores
e alunos. Assim, os projetos passaram a ser percebidos como “o” método de
educação progressista, cumpridor das demandas de uma nova psicologia
educacional segundo a qual as crianças, ao invés de passivamente entupidas de conhecimentos,
deviam ser envolvidas em situações de aprendizagem aplicadas, a fim de
desenvolver iniciativas, criatividade e capacidade de julgamento. Em 1918
Kilpatrik publicou o livro “The Project Method”, que colocava a motivação no
centro do projeto, dividida em quatro partes: intenção, preparação, execução e
apreciação. Já no final dos anos de 1960, os projetos passaram a ser adotados
como alternativa aos formatos convencionais de aula e seminário, tendo a seu
favor aspectos como valorização da investigação, relevância prática e
sustentação social. A partir desse período a idéia de projetos passa a se
levada da universidade para a escola e da Europa para resto do mundo.
A apropriação desses conceitos deu-se com a adoção mesclada das idéias de
“educação para a democracia”, de Dewey, e de “ação intencional sincera”, de
Kilpatrik. O país experimentou uma verdadeira era de euforia de projetos, que
deu lugar, a partir de 1980, a esforços de humanização entre o trabalho com
projetos e métodos mais convencionais do ensino.
Os dois tipos básicos de projetos até hoje adotados baseia-se no lema, “Da
construção à construção” e no conceito de “ aprendizagem natural e social”,
decorrentes do trabalhos de Woodward e Richard, do final do século XIX.
Os subseqüentes trabalhos de Dewey e Kilpatrik geraram um conceito estrito e um
amplo: o primeiro insistiu na categorização como atividade responsável,
enquanto o segundo propagou o conceito de atividade intencional. O conceito de
Kilpatrik teve aceitação apenas fora dos EUA e hoje, tem-se situação paradoxal,
prevalece na Europa o modelo americano e nos Estados Unidos o modelo europeu.
Celso
Antunes defende que, é preciso que saiamos desse nosso mundo de amarras que
muitas das vezes nos impede de ser verdadeiros educadores e buscar o novo.
Nossa vida é feita de projetos e é assim que conseguimos realizar tantas
coisas. Segundo Antunes, projeto é uma pesquisa ou investigação desenvolvida em
profundidade sobre um tema ou tópico que se acredita ser interessante, o centro
do projeto é a presença de um esforço investigativo, voltado para encontrar
respostas convincentes,levantadas sejam por professores, alunos e a comunidade
escolar. O objetivo do projeto é aprender de maneira significativa.
Trabalhando
com projetos dentro da escola, pode transformar o aluno em descobridor de
significados, oferecendo-lhe a oportunidade de usar na prática suas habilidades
operatórias, socializando o aluno e permitindo que suas dificuldades possam ser
superadas em grupo, mostrando-o que ele pode ir além de um livro didático, que
os saberes não são restritos. O professor tem um papel importante de um
projeto, cabendo-lhe colocar a disposição dos alunos materiais como: livros,
revistas, fotocópias, subsídios para que o aluno inicie sua pesquisa. É
apresentado ao aluno uma gama de oportunidades. O professor deve colocar-se
como o fazedor de perguntas, ele deve iniciar no seu aluno os desafios da
pesquisa, deve permitir aos seus alunos buscar temas que são essenciais dentro
da proposta pedagógica.
A palavra projeto significa plano geral de construção para realizar qualquer
ato, intento de fazer alguma coisa e está baseado na participação. Os projetos
iniciativas diversificadas a partir do conhecimento e questionamento da
realidade, o que gera o aprendizado de conceitos e de valores, o que gera o
aprendizado de conceitos e de valores.
Os
projetos devem conter: Diagnostico; objetivos; estratégias; levantamentos de
dados e de hipóteses práticas; e avaliação.
Os
projetos devem: ser coerentes com os diagnósticos e objetivos; prever ações que
assegurem mudanças; e apresentar cronograma detalhado de atividades.
Ciclo
do projeto:
- Diagnostico-
levantamento dos problemas existentes na escola e na comunidade;
- Idéia
do projeto- a idéia nasce do diagnostico, do levantamento dos problemas da
escola, educador, educando, família, comunidade;
- Políticas
pedagógicas que se condensam em estratégias ou programas semanais, mensais,
bimestrais, semestrais, anuais- de acordo com o planejamento escolar;
- Utilização de recursos que encontram desaproveitados ou não usados; a complementação de
outras ações, sendo necessário definir: para quem? por quê? recursos? onde ? duração, critérios e alternativas.
A
elaboração do planejamento do projeto é muito importante, pois, propicia a
busca da maximização dos resultados trazendo benefícios para a escola toda: os
envolvidos sabem aonde quer chegar; todos sabem o porquê do caminho escolhido;
estimula o crescimento individual e coletivo; integra a escola com a
comunidade; utiliza e valoriza os envolvidos (professores, alunos e
comunidade); profissionaliza a escola. O planejamento dar condições para se
alcançar os objetivos desejados, ele não é receita de bolo, ou seja, não vem
pronto.
Após a conclusão do planejamento será necessário desenvolver os planos
estratégicos. Estes poderão ser periodicamente revistos; ser compatíveis com as
tendências atuais; aproveitar os profissionais que atuam na escola; resolver
problemas; desenvolver as habilidades e competências dos educando e educadores,
sabendo que o conhecimento é uma constante construção coletiva; desenvolver o
trabalho em equipe; promover debates, discussões e questionamentos. A escola
para manter-se viva precisará adaptar à realidade presente, sendo necessário
fazer alguns questionamentos nas reuniões do projeto, como: quais os problemas
que afetam nossa escola? Qual a sua imagem, interna ou externa e quais são possíveis
de serem solucionados? Qual a natureza desses problemas? Quais fogem do alcance
da escola? Os alunos têm mesmo algum interesse?
É necessário também questionar as divergências culturais dos alunos e dos
professores, é fundamental para que não desprezarmos o potencial do jovem.
A
escola precisa se atualizar, compreender a linguagem dos jovens, podendo
enfrentar o futuro. Dessa forma, estar contextualizado, ou seja, ter uma visão
clara do macro-ambiente é um passo para a busca e possível encontro de caminhos
que possibilitem avanço na qualidade e eficácia da educação como um todo.
É
importante analisar os ambientes internos e externos, pois, eles afetam
diretamente e indiretamente a escola e permitem: Prever, planejar, organizar,
executar e avaliar.
Uma
escola equilibrada consegue realizar o impossível se contar com uma equipe
motivada, tendo visões claras e precisas da realidade dos universos: cultural,
econômico, político, dinâmico, enfim, de toda a comunidade escolar.
A escola é uma instituição social que possui
valores e crenças, o que determina normas e regras de comportamentos. Os
valores formam a coluna da escola, e a comunidade escolar, traz influencias
próprias que repercutem nas crenças e valores da escola, deixando claro dessa
forma, sua cultura. Seus objetivos devem estar definidos de acordo com os seus
valores e sua missão. Após analisar os ambientes internos e externos da escola
faz-se necessário elaborar planos de intervenções preventivos ou corretivos.
Questionamentos, discussões, debates fazem parte desse momento. Os projetos
quando são devidamente planejados levam a situações inesperadas, inovadoras,
que promoverão a adaptação e reformulação dos seus participantes, pois, durante
o percurso haver deficiências da equipe, será promovido a integração de objetivos, espírito de busca, etc,
despertando entusiasmo, motivação através de desenvolvimento de novos
conhecimentos, modificando hábitos enraizados, inadequados. Sendo necessário
repensar a escola e seu sistema administrativo-pedagógico para adequá-la aos
novos tempos, às novas exigências.
O planejamento
de projetos potencializa mudanças, quebrando paradigmas, crenças antigas e
velhos padrões. Promovendo questionamentos, reavaliação, transformação frente a
investigação do novo. É um processo infinito de reconstrução, sendo um mapa de
orientação, não garantindo um caminho reto e seguro desprovido de acidente e
surpresas.
Uma
nova pratica pedagógica faz da avaliação uma constante que permeia todo o
processo. A atual prática pedagógica exige que uma nova visão de avaliação na
qual os resultados sejam avaliados periodicamente para que seja possível rever
planos e corrigir possíveis desvios. Sendo necessário seguir critérios e
vivendo de improvisações.
Os
projetos transformam a avaliação em um processo continuo e complexo com
atividades vinculadas à realidade cotidiana da sala de aula. Assim a avaliação
deve ser realizada com estabelecimento de critérios claros e precisos; acompanhamento
de todo o processo, de toda a produção dos alunos; analisando as produções dos
professores; fazendo a auto-avaliação do processo. Deve: apresentar atividades
contextualizadas; abordar problemas complexos; utilizar todos os recursos
possíveis; contribuir no desenvolvimento das competências; apresentar suas
exigências antes da avaliação; ser considerada a colaboração em duplas e
grupos; considerar as estratégias cognitivas dos alunos; respeitar as aptidões
dos alunos e suas concepções prévias; considerar o erro como parte do processo;
considerar aquisição de conceitos, procedimentos e atividades.
*Trabalho apresentado pelo aluno Giovanni Souza Tavares, na Faculdade de Estudos Aplicados de Viana - FESAV, para a Disciplina Estrutura Curricular e Projeto Pedagógico.Tendo como Professora a autora do livro citado; Monique Ferreira Monteiro Beltrão.