sábado, 29 de junho de 2013

Minha Experiência



Pensei que seria fácil e pequena a minha experiência, pensei  em flores, peras e doces. Pensei que pudesse viver um pouco mais o que já tinha visto e construir aqui o que ainda ninguém tinha visto. Pensei que o inesperado fosse impossível e que o que viria seria simples e pequeno. Acadêmico! Mas não, era o inesperado pequeno e simples que investia sobre os meus sonhos e me provava o quanto diferente era pra eu tê-lo de volta. Seria simples.
Pensei num monte de coisas pra me garantir num pequeno pedaço de terra, mas nada me trazia a tona o remoer desta experiência pequena e imutável. São sete salas, mas setenta problemas e cento e setenta pessoas pra me fazer pensar. Nada fácil. Falo de mim, dentro de uma redoma inesperada de ações e pensamentos requintados de prazer e ódio. Somos equipe, tendinites ou infamados pensadores por uma causa perdida e inusitada.
Pensei que fosse fácil. Experiente, com teorias de cor, estudos afiados e vontade de crescer. Mas nada, o que vi ali, foi um monte de pessoas efetivas e fincadas como estacas na parte superior da banguela, tentando sobreviver ao caos e aos lamentos. Para a eternidade de um trabalho em longo prazo. Pensei de novo sobre mim.
Pensei que fosse me escorregar nas atitudes, com leveza e prudência para trazer a tona parceria e conhecimento, partilhados com mel e tratados sem açúcar. Só pensei. Vivi dias terríveis com açúcar torrado, melado de imprudências e um monte de certezas que me afastavam do meu talento, me colocando amarrada e fora do cerco e vivência. Minha experiência caíra, sem ajuste ou preparo, apenas por ser ignorada e desatenta para afrontar o inesperado. Precisava me fazer invisível para que pudesse permanecer. Saí dos meus limites e renovei os meus estoques de auto-estima e estima aparente. Precisava respirar talento, mas anestesiada estava. Sete nada. Setecentos.
Pensei em inovar, com vocabulário próprio e inovações tecnológicas com projetos, mas nada fazia o perceber acordar. Nada merecia atenção. Talentos eram muitos, até os sem formação.
Pensei que estaria no Céu. Pensei no Mar e no Monte, nada pôde me fazer melhorar. Passei a me ver alienada para irritar o sofrimento. Apagada para que pudesse não sumir e indignada para não parar de lutar. Pensei que setenta fosse maior que sete. Pensei demais.
Pensei na longa espera da Faculdade para chegar até aqui. Pensei em perder o meu tempo, pensei em oferecer a porcos pérolas e reviver momentos. Pensei por tudo, mas precisava passar, para entender a minha experiência. Loucura de fato, a experiência que antes restituía vidas e alcançava soluções, agora só serve para observar calada e perceber emudecida. Experiência apagada. Muitos saberes e chefias, muitas efetivações e impasses, muitos favores e pudores escravizados a troca de favores e fora dos limites. Pensei, pensei, pensei.
Pensei em socorrer algumas vítimas do sistema, pensei em me alegrar com o que deu certo, mas não deu e nem me alegrei. Tinham experiências além de mim. Tinham tempo e não permitiam chegar a mim. Tinham a minha imagem fora dalí, fora de mim.
Pensei em garantir experiência para o futuro, pensei em ter motivo para rever esses dias, mas me enganei com os corações duros e imprevistos que encontrei. Marquei touca, me mantive em aflorada experiência e cresci, porque não conhecia que 7x70 pudesse me deslocar e me fazer interessar-me em outras fontes e fazeres. Desloquei-me do meu mundo para tentar conhecer o outro e a partir daí, conheci e percebi a minha experiência. Efetivei-me nos meus valores e aprendi que mesmo ao redor de 7x70, poderia formular mais que isso, na minha experiência, mas plantei coisas da boca e tirei coisas do coração. Mantive-me mais experiente.
Pensei que o meu desencantamento iria me afastar do que sonhava pra mim, mas não. Percebi que apesar de tudo a minha experiência cresceu embora calada, moveu embora presa, e não se alienou, embora ignorada. Porque o que está dentro de nós deve ser maior do que está fora, e o que nos dirige deve ser o que nos fez crescer. Conte essa história para se lembrar de um dia feliz. O dia que não precisava mais permanecer entre as contas ou entre os números de 7x70 ou 370. Apenas passei!
Por: Monique Ferreira Monteiro Beltrão.
Pessoa, Pedagoga, Psicopedagoga,
Especialista em Direito Educacional,
Mediadora, Educadora,
 Escritora,
Mestra em Educação
 e Doutoranda em Educação.

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